sexta-feira, 4 de abril de 2014

Competência

Nino (de azul) e Heraldo (ao centro): competência
Nosso passeio a João Pessoa foi organizado pela Eloim Tur. Fomos apanhados pontualmente no hotel (07h20min), mas o problema é o trânsito do Recife. Levamos mais tempo para sair da capital pernambucana do que para chegar a João Pessoa. Com o tempo espremido, nosso guia local -  Heraldo - deu show. Levou-nos aos pontos principais, foi educado e gentil o tempo todo, mostrou conhecimento do trabalho sem ser verborrágico e, principalmente, é um apaixonado pela sua terra. Chega a ser comovente a sua emoção em descrever a história paraibana. 
Cabe destaque também ao nosso motorista nesse passeio: Nino era um gentleman, extremamente educado e atento à  nossa segurança, além de ser um excelente profissional, cuidadoso no trânsito, seguro e tranquilo. 

Bolero de Ravel


No final da tarde em João Pessoa, fomos levados a uma atração inusitada: um passeio de catamarã pelo Rio Paraíba, onde encontramos piers coalhados de embarcações de alto mar com bandeiras de vários países. Iates, barcos, catamarãs oriundos da França, Grã-Bretanha, Suécia, Austrália e Nova Zelândia, só para citar alguns.  
O passeio incluía uma verdadeira festa, com dança, música típica, aulas de dança e direito a tietagem dos "artistas".







Mas o melhor do passeio estava reservado para o final: já ancorados, assistimos a um cara que chamam de "Jurandyr do Sax" tocar o Bolero de Ravel ao por-do-sol. Com um acompanhamento gravado, ele toca ao vivo em uma canoa no meio do rio, com o som amplificado por todos os bares da praia. 


O público ouve com uma reverência impressionante, e o silêncio é absoluto, todos envolvidos pelo espetáculo proporcionado pelo por-do-sol e a música. Não era raro observar várias (ou muitas!) pessoas chorando de emoção. E o Jurandyr toca muito bem, registre-se.

Claro que no final tinha que rolar uma tietagem básica da Tia Iara e sua parceira de passeio...


Extremo Leste


Em João Pessoa fica o ponto mais oriental das Américas, a Ponta do Seixas. Há um monumento e uma escultura marcando o local, que é ponto turístico, com direito a camelôs e comércio de lembranças. Fora a vista de um mar sem fim à sua frente (que dá uma ideia da nossa insignificância) não tem nada de mais.  


Outra Capital


Atravessar o país requer aproveitar ao máximo estar em um lugar tão distante. Assim, vamos conhecer João Pessoa, capital da Paraíba, distante apenas 120km do Recife. Novamente buscamos o auxílio de uma empresa local, agora a Eloim Tur.



João Pessoa, conforme definição do próprio guia local Heraldo, é uma capital com jeito de cidade de interior. Seu centro de ruas estreitas e prédios seculares parece combinar perfeitamente com a forma de vida de seus habitantes: as pessoas caminham sem pressa, e o estresse parece uma palavra desconhecida por aqui. 


Resumo: dá uma agonia ver essa gente tranquila, que parece não ter problemas! Coisa séria! 

quinta-feira, 3 de abril de 2014

Veneza?



Recife se autoproclama a Veneza Brasileira. Tudo bem que seis rios cortam a cidade, que tem mais de quarenta pontes. Mas Veneza já é forçar a barra (até para quem conhece Veneza só pela internet). Vista do rio, a cidade é bonita e tem seus monumentos arquitetônicos bem iluminados à noite. O melhor jeito de ver isso é um passeio de catamarã, que sai do cais do Recife Antigo com duração aproximada de uma hora, e que também acontecem de dia.

Lugar incomum


Uma pequena decepção com o povo brasileiro começa essa postagem. Interessados em conhecer o Instituto Ricardo Brennand, descobrimos que, embora as operadoras de turismo locais tenham pacotes com esse roteiro, nunca fecham os grupos porque não há interesse. Segundo eles, o povo só quer saber de praia. Assim, lá fomos nós fazer um 'passeio solo'. O luga fica longe do centro do Recife, na Várzea. Embora a Universidade Federal de Pernambuco seja próxima, não há ônibus para o local e nem pontos de táxi próximos à entrada. Se quiser, vai ter que contratar um táxi que vai levá-lo, aguardar e trazê-lo de volta. Isso vai custar aproximadamente 40 dólares.


O local funciona somente à tarde, das 13h00min às 17h30min, de terça a domingo. O ingresso custa 10 dólares com desconto para idosos, deficientes e estudantes. Na última terça-feira de cada mês a entrada é franca. Seu projeto é obra do visionário que lhe dá o nome e o local faz inveja aos melhores do mundo. 


Para ver o acervo não é necessário correr, mas não se detenha demais (o que não é fácil), porque o tempo voa. É bom chegar na hora que abre, assim você poderá ver tudo com calma.
A pinacoteca, com mais de 1.200m² tem múltiplas exposições simultâneas. Tem ainda loja, cafeteria, auditório e biblioteca.


Em outro prédio, há o Museu de Armas Castelo São João, onde se encontra uma das maiores coleções de armas brancas medievais do mundo.




Li em algum lugar que o povo que não conhece sua história nunca vai ser livre, porque não sabe de onde vem sua liberdade. Um lugar desses na Europa estaria atopetado de visitantes. Aqui tínhamos meia dúzia, acompanhados de uma turma de escola onde a professora fazia um esforço sobre humano para despertar o interesse das crianças pelo local, sem muito sucesso. Era um belo dia de sol. Mas acho que isso sim é mais a nossa praia! 


Cidade vertical


Uma característica que se percebe em Recife antes mesmo do avião pousar é sua verticalidade. Muitas áreas da cidade foram tombadas pelo patrimônio histórico o que diminuiu as possibilidades de exploração imobiliária. Parece que o plano diretor não limitou os índices de aproveitamento nos locais mais valorizados da cidade ainda disponíveis. Resultado: uma profusão enorme de prédios de 40 a 50 andares por todos os lados. Embora a maioria das edificações tenha um tratamento arquitetônico adequado, o urbanismo foi colocado na lata do lixo. Mas os recifenses adoram isso! Quanto mais alto o andar, mais caro. Em regiões mais nobres, não importa com vista para o mar, pode-se encontrar apartamentos de apenas cem metros quadrados custando mais de quatro milhões de reais. 

Sem noção


Se você acha que a placa aí em cima assusta alguém, esquece. A praia da Boa Viagem é proibida para banho por causa dos tubarões que passam pelos recifes na maré alta e podem atacar as pessoas mesmo com água abaixo da cintura. 

Mesmo assim, elas entram no mar, levam crianças e bebês. Depois, quando acontece uma desgraça, todos são vítimas, ninguém é responsável por nada. Os culpados são os tubarões... 

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Religiosidade


Não temos opinião formada a respeito, então vai apenas uma descrição: por todos os lugares que se visita em Recife há uma onipresença da arte sacra, representada principalmente pela escultura e pela pintura. A religiosidade está sempre no topo dessas manifestações. A primeira impressão que passa é de um povo muito beato, mais que conectado com o espiritual, devoto fervoroso de entidades religiosas e seus mistérios e milagres. Nos sentimos quase ateus nessa cidade!

Romeros Brittos - parte 2


Em nossa visita a Salvador/BA, já havíamos destacado a profusão de cópias do artista pernambucano mais famoso da atualidade. Talvez por respeito, entendemos que isso não aconteceria em sua terra natal. Ledo engano. Por toda a parte, sua obra é reproduzida - às vezes de forma grotesca - e colocada à venda por valores irrisórios. Mas no final, sempre há quem diga que isso só serve para divulgar ainda mais a sua arte. São as pessoas que defendem a pirataria, por exemplo. Não julgamos o mérito: visitamos uma exposição de Romero Britto, com peças originais e numeradas, todas muito acima das nossas parcas economias. Havia uma bola de futebol de resina, em tamanho natural, criada para a Copa do Mundo 2014 que custava doze mil reais. Foram produzidas apenas cento e vinte. Então, lá fomos nós comprar - no chamado mercado paralelo - um pequeno utilitário com a imagem de um famoso quadro do artista. Depois, ficamos sabendo que ele não se importa com isso, o que diminuiu bastante nosso pseudo sentimento de culpa, mas não diminuiu nosso desejo por um original!

Cadê o bonde?


Recife não tem mais bondes, mas no centro antigo há trilhos por toda parte. Ocorre que o lugar (e não apenas os prédios) foi tombado pelo patrimônio histórico, e o calçamento não pode ser alterado. É proibido tráfego pesado no local, a fim de não comprometer a via pública e a estrutura dos prédios, alguns com mais de 450 anos (embora o vai-e-vem de caminhões seja uma constante). Ficamos pensando: não seria interessante, numa cidade turística como o Recife, reativar esse meio de transporte como forma de proporcionar aos visitantes uma volta ao passado? 


A Praça


Uma caminhada à beira mar na Praia da Boa Viagem de repente te oferece um lugar muito interessante: uma praça enorme e bem cuidada, com grama aparada, coqueiros crescendo com vigor, equipamentos bem conservados.


Esculturas, um teatro e uma galeria de arte - projeto de Oscar Niemeyer - um oásis de competência. O nome do local?


Dona Lindu Parque. Se você não ligou o nome à pessoa, a gente ajuda: trata-se da mãe do ex-presidente Lula. Reza a lenda que o dinheiro veio da União, e Lula veio apenas duas vezes a Recife: uma para lançar a pedra fundamental da obra e outra para inaugurá-la. 


À propósito: a escultura é da família Silva, Dona Lindu ao centro, e o menino à direita é o próprio Lula. Sem palavras...

terça-feira, 1 de abril de 2014

Galera divertida


Carlos e Taís, César e Marli foram nossas companhias no passeio a Porto de Galinhas. Os primeiros, gaúchos de Novo Hamburgo (êita mundão pequeno!), e os outros um alegre casal paulista de Ribeirão Preto. O grupo teve uma empatia quase instantânea. Brincalhões, divertidos e espirituosos a viagem ficou leve e engraçada, onde tudo era motivo de riso. 

Dicas de Porto de Galinhas

Dica 1: Como a gente desistiu dos serviços da Luck Receptivo (por causa da Dadá, ver o post "Cuidado com ela!"), tentamos a sorte com a Helitur. O serviço do Jucemy, guia travestido de motorista, foi excelente. Cuidadoso, preocupado e interessado em nosso bem estar. Causou espécie no grupo seu constrangimento em sugerir pagarmos R$ 4,50 para voltar por um caminho que tinha um pedágio deste valor, a fim de não amargarmos um congestionamento no retorno a Recife.


Dica 2: Passeio de bugre é programa obrigatório em Porto de Galinhas. Como não somos marcianos, lá vamos nós. Quem nos conduziu foi Petrônio, um ex-caçambeiro de uma construtora do local. Um cara divertido, contador de causos e conhecedor do lugar.  


Dica 3: Jangada do Edson. O cara é quase mudo, fala exclusivamente o indispensável, mas é todo atenção. No passeio às piscinas naturais, oferece desde ração para atrair os peixes a snorkel para melhor apreciar as maravilhas do local. Uma figura imperdível. 

Turistando...


Quando saímos do sul maravilha (lembrei do Fradim agora, personagem nordestino do Henfil, que chamava assim o sul/sudeste brasileiro) os amigos nos indicaram alguns percursos como obrigatórios na nossa viagem. Acho que se voltarmos sem cumprir esses roteiros vamos ser condenados ao exílio. Assim lá vamos nós a Porto de Galinhas. 


O lugar é um contraste que mostra a realidade brasileira em toda a sua crueza. O município onde fica Porto de Galinhas - Ipojuca - é de uma miserabilidade constrangedora. Ao passar pela cidade, rumo à praia, o que se vê são vilas e favelas, nada que lembre uma cidade que tem no seu município um dos lugares mais badalados do mundo.
Mas lá, tudo custa mais caro do que em Paris, os melhores hotéis podem chegar à diárias de cinco mil reais e uma refeição mediana num lugar basicamente higiênico (supõe-se) não sai por menos de cem reais. Tudo isso em abril, temporada baixa, sem carnaval nem férias de verão (ou de inverno, que é a mesma coisa por aqui). 



Ao chegar, segure o queixo para não cair: a paisagem é paradisíaca, o mar, as piscinas naturais e as praias são deslumbrantes. O esforço das pessoas para agradar e servir bem é notável. Confesso: dá uma baita de uma vontade de ser... rico!