quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

O Maraca


Desde nosso passeio inconcluso pela Cidade Maravilhosa em 2013 a gente queria visitar o Maracanã. Naquele ano, estava em obras, sendo finalizado para a Copa das Confederações. Assim, o estádio novo era a "ficha 1" da nossa visita ao Rio.
Embarcamos no metrô na estação Catete e, depois de uma viagem tranquila de trinta minutos, descemos na estação Maracanã. Quando você sai da estação, o primeiro impacto é: coisa mais sem graça! Por fora, o estádio tem uma arquitetura antiga, sem cor e nada que lembre as modernas arenas da Copa. Só é grande!


Mas quando você entra, as coisas mudam, parece que estamos em um shopping: pisos brilhantes, bares que parecem pubs, elevadores revestidos de aço inox, banheiros em granito, tetos rebaixados em perfis de alumínio. Dinheiro, definitivamente, não foi problema na reforma!
Existem opções de visita guiada e não guiada, ambas com preços mal comportados, U$ 20 e U$ 15 respectivamente. Optamos pela primeira, na esperança que valesse a pena. Escolas públicas podem fazer tour grátis, guiado, às quartas, basta agendar. As visitas acontecem com intervalos de uma hora e, diferentemente de outros estádios, como o Beira Rio, por exemplo, percorrem todos os espaços.

Rayane e Caio, nossos guias no Maraca
Nossa incursão pelas entranhas do Maraca foi guiada por Rayane e Caio, duas figuraças divertidas e que sabiam como tornar a experiência mais interessante. Havia histórias para todos os lugares, até para os corredores de circulação.



Chamaram a atenção os locais para recreação de crianças, os camarotes e os bares. Arquibancadas superior, inferior e cabines de imprensa possuem assentos melhores que a maioria dos teatros brasileiros.


O vestiário visitado - são quatro ao todo -  é decorado com camisetas de seleções participantes do último mundial. Na sala de aquecimento, todos foram convidados a se acomodar no piso de grama artificial, onde assistimos a um documentário muito interessante sobre o Maracanã: construção, reforma e grandes jogos e eventos. Seu maior público oficial foi de 200 mil pessoas no jogo Brasil x Paraguai em 1969. Fontes fidedignas, entretanto, dão conta de um público superior a 220 mil pessoas no fatídico Brasil x Uruguai na Copa de 1950. Já foi palco de estrelas, como o show de Frank Sinatra, e eventos religiosos, como a visita do Papa João Paulo II. Por fim, um espaço permite que as pessoas toquem na rede do gol mil de Pelé e convivam com móveis e objetos que fazem parte da história do estádio.
No término da visita, sob pressão, colorados, atleticanos e são-paulinos conseguiram arrancar uma confissão dos nossos guias. Afinal, para quem torcem? Rayane era vascaína e Caio botafoguense. Ambos foram carinhosa e calorosamente vaiados pelos visitantes.

















terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Cabeção!


Mais conhecida como A Encantada, a casa de Santos Dumont em Petrópolis é uma pitoresca residência incrustada em um local íngreme da cidade. Santos Dumont recebeu o convite de veranear em Petrópolis da Princesa Isabel, na época áurea das temporadas na cidade serrana durante o Império, e ao aceitar o convite decidiu construir uma casa que atendesse suas necessidades. A rua escolhida é hoje chamada em Petrópolis de Rua do Encanto, mesmo nome dado à casa do aviador. A casa possui algumas peculiaridades, como uma de suas últimas invenções que é o chuveiro com água quente, o único do Brasil àquela época, sendo aquecida a álcool, e também a escada externa onde se pode somente começar a subir com o pé direito, e a interna, que se pode somente subir com o pé esquerdo. 





A própria arquitetura da casa é diferenciada, não utiliza divisórias entre os cômodos. Possui três andares, além de um observatório, por sobre o telhado.

Ave, Pedro!


A catedral de Petrópolis tem nome e sobrenome: Catedral de São Pedro de Alcântara, dedicada ao padroeiro da cidade e da Monarquia Brasileira. O atual edifício da catedral começou a ser construído apenas em 1884, não parou após a Proclamação da República e seguiu até 1901, quando as obras foram paralisadas. Retomadas em 1918, é inaugurada em 29 de novembro de 1925, após 37 anos de trabalhos. O edifício, porém, não estava terminado, faltando a fachada principal e a torre, além de muito da decoração interna. As obras complementares só forma concluídas em 1969.




















Em 1921, anulado o decreto que bania a Família Imperial do Brasil, os restos de D. Pedro II e D. Tereza Cristina foram trazidos de Lisboa, para o Brasil, alojados na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Em 1925 os restos foram transferidos para a sacristia da catedral de Petrópolis. Finalmente, em 1939, o presidente Getúlio Vargas inaugurou o Mausoléu Imperial, na entrada da Catedral, para onde foram transferidos definitivamente os sarcófagos do Imperador e da Imperatriz. Em 1971 também foram sepultados no mausoléu a Princesa Isabel e seu marido, o Conde D'Eu.


A igreja é muito bonita e bem cuidada. Poucas capitais do país podem exibir templos com este cuidado. A igreja está sempre aberta à visitação dos turistas, mas pede-se que eles não circulem durante os cultos, por razões óbvias e compreensíveis. 


Uma vez por mês, há um concerto musical com o espetacular órgão da igreja. Sugere-se levar lenço.

Aviso!


Inaugurado em 1884, o Palácio de Cristal é formado por uma estrutura metálica e placas de vidro francês. Há um corpo central quadrado, conectado a dois outros retangulares, e há ainda dois outros semi-circulares, ligados ao corpo principal. O Palácio foi construído na mesma época em que estava sendo construída a Torre Eiffel, e é um dos exemplos de como a Revolução Industrial influenciou os estilos arquitetônicos. O prédio, inspirado no Crystal Palace de Londres. No Brasil, foi a primeira construção pré-fabricada. O Palácio foi um presente do Conde D'Eu à sua esposa, a Princesa Isabel. Inicialmente o prédio destinava-se a ser a sede da Associação Hortícola e Agrícola de Petrópolis formada pela alta aristocracia petropolitana. Foi ali, numa cerimônia realizada em 1888, que a Princesa Isabel conferiu Títulos de Alforria aos 103 últimos escravos em Petrópolis. Mas a partir da Proclamação da República, foi vendido em leilão e transformado em cassino, depois garagem do Corpo de Bombeiros e ainda abrigou vítimas de tragédias que se abateram sobre a Cidade. Também serviu a objetivos mais nobres, mas nem sempre adequados a seu propósito original; sede de diversas associações literárias, de entidades ligadas à música, do Liceu de Artes e Ofícios de Petrópolis; clube de boliche, salão para bailes populares e até casa de jogos. No final da década de 60 o Palácio de Cristal foi tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Dito isso, não perca seu tempo: o local não tem a menor graça.