sexta-feira, 31 de outubro de 2014

The Hotel


O hotel San Rafael, localizado no Largo do Arouche, no centro de São Paulo, foi uma excelente dica do überbrother homônimo, o Rafael Barbosa. O lugar tem mais de 50 anos, é antigo e com acomodações adequadas e diárias comportadas, nada que deixasse a desejar. Um bom atendimento, café da manhã farto, bom banho e  boa cama. Mas se um dia você se hospedar lá, nem pense em se conectar à internet nos apartamentos (que custa U$ 15 por dia e é muito ruim!) e desista de utilizar o wi-fi  gratuito da recepção, porque não funciona. Ah, e atravesse o saguão para nem passar perto do restaurante. Você vai levar uma facada (e não é do cozinheiro!).

Senhor Gentileza


Ilton Ito era uma figuraça. Com este nome, não era nipônico ou similar, mas um legitimo baiano, nascido em Vitória da Conquista. Nosso taxista, transformado em guia turístico improvisado, recebera do irmão, também taxista, a missão de conduzir-nos pelos caminhos interessantes da paulicéia. Se você achou estranho, explica-se: pasme, uma cidade do porte da capital paulista não possui um único serviço de city tour regular. Todos, públicos ou privados, estão desativados, definitiva ou temporariamente, A justificativa oficial é a baixa demanda. Não conseguimos entender porque uma cidade tão interessante perde o foco deste jeito. Aqui o único turismo que acontece é o de negócios. E esses turistas não querem nem saber de conhecer a cidade.

De fala mansa, Ilton passou boa parte do tempo "desculpando-se" pela sujeira da cidade e seu aspecto árido, consequência da seca que enfrenta combinada com a incompetência de gestores e políticos. Amante da terra que adotou, não mediu gentilezas para que nosso passeio fosse agradável, produtivo e interessante. Nessa viagem, Ilton foi "o cara".

MASP


O MASP é simplesmente o mais importante museu de arte ocidental do Hemisfério Sul.
Seu acervo é tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN desde 1969, e possui atualmente cerca de 8.000 peças, dentre as quais destacam-se as pinturas ocidentais, principalmente italianas e francesas. Pode-se apreciar Rafael, Mantegna e Botticceli – da escola italiana – e Delacroix, Renoir, Monet, Cèzanne, Picasso, Modigliani, Toulouse-Lautrec, Van Gogh, Matisse e Chagall – da chamada Escola de Paris.
 


Possui também uma grande coleção de pinturas das escolas portuguesa, espanhola e flamenga, além de artistas ingleses e latino-americanos, como Diego Rivera. Na coleção de artistas brasileiros, destacam-se Cândido Portinari, Di Cavalcanti, Anita Malfatti e Almeida Junior.


Nas esculturas, destaque para os mármores da deusa grega Higéia do século IV a.C. e a coleção de 73 esculturas de Degas, que só podem ser vistas integralmente no MASP, no Metropolitan Museum de Nova York, ou no Museu D`Orsay, em Paris. Também destacam-se os bronzes de Rodin, as peças de Ernesto di Fiori e Victor Brecheret, entre outros. 




O edifício sede do museu, com 11.000 metros quadrados divididos em 5 pavimentos e com vão livre de 74 metros, é um ícone da cidade de São Paulo. Em 1982 foi tombado pelo Patrimônio Histórico. 
Além de museu, o MASP é um centro cultural que proporciona diversas atividades ao público, como escola de arte, ateliês, espetáculos de dança, música e teatro, palestras e debates, cursos para professores, entre outras tantas atividades realizadas durante todo o ano.  É o museu mais frequentado de São Paulo, com média de 50.000 visitantes/mês. Fundado em 1947, o MASP foi idealizado por Assis Chateaubriand, empresário e jornalista, e Pietro Maria Bardi, jornalista e crítico de arte italiano. A princípio, instalou-se em quatro andares do prédio dos Diários Associados, império de Chateaubriand formado por 34 jornais, 36 emissoras de rádio, 18 estações de televisão, editora e a revista O Cruzeiro.


A nova sede, na próspera Avenida Paulista, foi projetada por Lina Bo Bardi. Foram 12 anos entre projeto e execução. Lina trabalhou sob uma condição imposta pelo doador do terreno à prefeitura de  São Paulo: a vista para o Centro da cidade e para a Serra da Cantareira teria de ser preservada, através do vale da avenida 9 de Julho. Assim nasceram as quatro colunas do atual museu com um vão livre de 74 metros, um dos cartões postais da cidade de São Paulo, inaugurado em 1968.  

Museu do Futebol



Se você acredita que o Brasil é o país do futebol, como alardeiam, uma visita ao Museu do Futebol, no Estádio do Pacaembú, vai fazer você mudar de ideia: na verdade você vive no Mundo do Futebol!

Embora a grade maioria da exposição seja ligada aos acontecimentos desse esporte no Brasil, a forma didática com que é apresentada e sua interação com o visitante são impressionantes. 

Todas as copas do mundo...

A história desse esporte não está dividida em etapas estanques e cronológicas, mas interliga personagens, fatos e acontecimentos, tecendo uma teia de informações que, a princípio, não fazem muito sentido, mas tornam-se complementares no final, até a apoteose do gol e das regras do futebol, esta última apresentada de uma forma absolutamente simples, singular e divertida. 

Curiosidades do futebol: quem não gosta?

A área dedicada às Copas do Mundo é muito bem bolada, e o espaço que conta a maior frustração da história do esporte para o Brasil - a final da copa de 1950 no Maracanã - consegue passar a exata medida do seu significado. Em duas palavras, não perca!   

Informação didática e correta: o maior trunfo da exposição

Jogos com esquemas táticos: eles jogam e ninguém se dá conta!

O museu tem um espaço aberto para o gramado do estádio

Interatividade, um grande barato!

Catedral da Sé


Quando nos deparamos pela primeira vez com a Catedral Metropolitana de São Paulo, a primeira impressão que ocorreu foi de um inusitado deja vú: mas eu já estive aqui! E quanto mais nos aproximávamos, mais essa impressão se fortalecia. Ao chegarmos à entrada, ladeada pelas esculturas belíssimas dos santos e profetas, ficou quase a certeza. Demorou um pouco até fecharmos as conexões: a catedral da Sé é quase uma cópia arquitetônica, em menor escala, da Catedral de Notre Dame, em Paris, só que setecentos anos mais nova. É muito bonita e bem conservada, inclusive externamente. 

Possui um dos maiores órgãos de tubos do mundo, embora sua acústica não seja exatamente uma reciprocidade à esta maravilha sonora. Uma figura importante na história da Catedral da Sé foi o arcebispo D. Paulo Evaristo Arns, frade franciscano, sacerdote católico que combateu a ditadura militar. O arcebispo denunciava torturas, crimes e cedia o espaço do templo para manifestos pelos desaparecidos políticos e pela anistia internacional. Há vários relatos de manifestações que eram reprimidas pela polícia e o exército onde os manifestantes em fuga vinham se abrigar na Catedral. Muitos passavam dias ali, vagando entre a nave principal e a cripta subterrânea, onde estão sepultados bispos e arcebispos.

  

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Festa no Salão


Já havíamos feito uma incursão ao infer..., quer dizer à 25 de março, colhendo impressões sobre aquele típico comércio paulistano. Não havíamos comprado nada, não porque a Iara não quisesse, mas porque não havíamos treinado luta livre o bastante para nos embrenharmos na guerra das compras. Já havíamos passado pelo teste do sanduíche-bomba de mortadela do Mercado Público, e aguardávamos possíveis implicações dessa ousadia. Era o dia de nossa chegada a São Paulo, e era a abertura do Salão Internacional do Automóvel. Assim, lá vamos nós!



Aquele é um lugar criado para gerar depressão no mais otimista dos otimistas. A impotência diante da potência dos carros e das curvas carnudas que os cercam - se é que me entendem - é desoladora. 

Máquinassssssss...

É mais ou menos como abrir a porta do futuro e dar uma espiada, mas não poder entrar. Tudo cheira a futuro, tecnologia de ponta e muito, muito dinheiro! O mais estranho é que ninguém, em nenhum estande, sabe o preço de nada. 

Criatividade de sobra!

Qual é a ideia?

Também chama a atenção a quantidade de mulheres visitando a feira. Até pouco tempo atrás aquilo era terreno de homem, e os espécimes femininos restringiam-se à decoração dos estandes. Ouso afirmar que havia mais mulheres que homens, e elas realmente estavam interessadas nos produtos, quando não eram conhecedoras de motores, torques, relações de marchas, etc. 

Cada um tem suas preferências...
  
Tia Iara descobriu inclusive que uma certa montadora criou um carro com o nome dela. Agora ela quer porque quer essa chaleira com rodas!

Cenas de exibicionismo explícito...

Público mesmo!

Construído em 1933, o Mercado Público Municipal é local é ideal para achar frutas fora de época e especiarias típicas de outros países. Em 2003, além da recuperação da fachada, vitrais e pintura, o prédio também recebeu novas instalações, como o subsolo, o Salão de Eventos e o mezanino, que abriga oito restaurantes. São quase 300 boxes que atendem mais de 20 mil fregueses que, a cada dia, levam mais de 350 toneladas de alimentos. 
Além disso, na área de alimentação, é possível comer o conhecido pastel de bacalhau ou sanduíche de mortadela, também conhecido como "morte lenta" ou "vim te buscar"... não entendi porquê! 
Mas o grande diferencial do mercado é o ecletismo: há pessoas de todas as classes sociais, línguas, sotaques, dialetos e culturas convivendo, comprando, recebendo e trocando sugestões culinárias até mesmo com estranhos, numa simbiose gastronômica interessantíssima! 
De terça a quinta, ocorre visita monitorada por um guia, passando pelos pontos principais do Mercado. Para participar, é necessário se inscrever com antecedência no telefone (11) 3313-2444. 

O Inferno existe!


Você ainda vai conhecer uma mulher que vá a São Paulo e NÃO queira ir à 25 de março. Mas ela ainda não nasceu. Então lá vamos nós. O lugar é o quadro da dor sem moldura: por alguns momentos pensei que estava no Purgatório, a antecâmara do Inferno que, dizem, é pior que o próprio. Gente gritando ofertas, pessoas se esbarrando na maior densidade demográfica registrada no planeta! Carregadores alertam aos berros pra que saiam da frente, porque "não tem freio" e você vai ser atropelado (e a culpa é sua!). Sacolas em tamanhos nunca antes vistos transportadas por pessoas que você jura que não conseguiriam carregá-las. Não adianta, o vendedor não vai atender você, e se o fizer vai ser  junto com  mais dezoito clientes ao mesmo tempo. Então, se você não tem a expertise do processo, nem tente! 

Aqui, funciona!


Não conhecíamos o Aeroporto de Congonhas, no meio da cidade de São Paulo. É uma coisa meio maluca, quase dá para ver as pessoas trocando de roupa nos apartamentos ao lado da rota de aterrisagem! Nossa percepção era encontrar algo meio velho, decadente e parecido com o Salgadinho, o velho aeroporto Salgado Filho em  Porto Alegre. Para nossa surpresa o local é limpo, bem organizado, com duas praças de alimentação e não fica a dever nem para o novo Salgado Filho. Ah, descemos na ponte telescópica, e a Tia Iara nem molhou os cabelos, hahaha...

Vamos de ônibus?




Quinta feira, seis e meia de uma madrugada chuvosa e o glorioso Aeroporto (?) Internacional (?) Salgado Filho nos brindou com um tour de ônibus pelo seu exuberante pátio, com direito a embarque no meio do nada, debaixo de chuva, porque não havia nenhuma daquelas pontes telescópicas disponíveis, tudo ocupado! Mas não era aeroporto de Copa? Mais parece aeroporto de Área de Serviço! 

Começou mal...


Nossa viagem a São Paulo começa com um contratempo imperdoável, se considerarmos os viajantes. A Tia Iara pode me deixar em casa, mas não deixa o chimarrão. Tive inclusive que providenciar uma mateira nova para esta viagem, devidamente personalizada. Pois o equipamento todo ficou em casa, o que só nos demos por conta na sala de embarque do aeroporto...

Então...


A trip da vez é São Paulo. A paulicéia desvairada, como diria Raul Seixas, é minha velha conhecida. Não porque vou seguido, mas porque faz quase vinte anos que não dou as caras por lá. A Iara, por sua vez, faz sua estreia na terra da garoa, e antes de sair de casa já está preocupada com a seca, com a falta d'água, com a violência, com os estupros, com as balas perdidas, com os ladrões no metrô, com o metrô lotado, com o trânsito engarrafado, medo de se perder, de não se achar, etc... Quando descobriu que nosso roteiro incluía o Salão Internacional do Automóvel, no Anhembi, com direito a entrar em todos os carros importados que quisesse, todas as fobias se dissiparam! Então, como diriam os paulistas, é nóis na fita, mano!