sexta-feira, 18 de março de 2011

Versailles


O último dia de programação com nosso grupo iniciou com a visita ao Castelo de Versailles. Uma viagem de 35 minutos nos colocou em um mundo que, embora sabendo da existência, não conseguimos mensurar sua grandiosidade e opulência até nos encontrarmos com ele. Impressiona a grandeza de tudo o que vemos, principalmente se levarmos em conta o tempo dispendido em sua execução. Gerações sucessivas da realeza francesa revezaram-se na sua construção, cada um buscando dar maior valor e singularidade à sua contribuição. Embora o inverno europeu não nos brindasse com os jardins floridos de Versailles e obrigasse a administração do castelo a cobrir boa parte das esculturas externas de mármore, a área externa é de uma beleza e simetria que beira à perfeição. Hordas de turistas fazem filas que serpenteiam por dezenas de metros até a entrada. Temos a preferência por estarmos em um grupo com reservas, o que facilita muito o acesso. Dentro do castelo, uma primeira surpresa desagradável: a maioria das salas divide seu espaço com uma exposição de peças antigas das civilizações etrusca, babilônica, grega e mesopotâmica. Sobrou pouco espaço para a circulação dos visitantes, que são milhares. O resultado é uma visita apertada, lenta, com poucas chances de boas fotos (flash também é proibido aqui), salva mais uma vez por Sérgio, nosso guia que, enquanto nos dava mais uma aula, continuava no seu tom monocórdico informando como proceder e nos acalmando para melhor usufruir do passeio. A sucessão de salas com seus móveis (muitos réplicas, outros salvados do tempo e do vandalismo) esculturas e quadros fantásticos eram maravilhosas. Mas sem dúvida o grande diferencial do castelo são os afrescos. As pinturas nas paredes e no teto, bordadas por molduras de estuque ou madeira entalhada são de uma beleza indescritível e uma técnica apuradíssima. Saímos de Versailles com a impressão de que o homem sabe produzir arte e cultura e evoluir através dela. Não podemos deixar de refletir sobre o sofrimento que deve ter sido causado aos milhares de escravos que construíram aquele local, dos tantos que morreram nessa empreitada e de um sem número de artistas que dedicaram a vida inteira a esse trabalho. A beleza também cobra seu preço.

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